O mundo prepara-se para enfrentar uma tempestade perfeita, à medida que os efeitos das desigualdades sócio-económicas, das alterações climáticas e da geopolítica se intersectam cada vez mais. Existe uma consciência generalizada que estes processos vêm ameaçar a saúde humana, os ecossistemas e as nossas comunidades.

Ao mesmo tempo, cresce o reconhecimento que a transformação social e política necessária para superar estes desafios requer um forte engajamento com as emoções. Por um lado, nota-se que a realização dos direitos fundamentais requer atenção ao modo como estes são materializados na vida quotidiana das pessoas, e como são percebidos e valorizados. Por outro, entende-se que facts don’t change minds e que pensar na transformação social envolve pensar em como os mundos quotidianos são vividos e construídos, e em como os valores, as emoções e as experiências formam a base da agência humana e da possibilidade de mudar.

A comunidade geográfica lusófona está bem preparada para contribuir para a superação destes desafios. Com o interesse em avançar nas discussões das geografias emocionais no espaço lusófono, o Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (CEG-IGOT-ULisboa), Portugal, e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Brasil, após terem reunidos 120 geógrafos e outros académicos no I ELGE, que decorreu em 2021 em formato virtual, apresentam o II Encontro Luso-Brasileiro de Geografias Emocionais (II ELGE), onde pretendemos celebrar e aprofundar o modo como as geógrafas e os geógrafos no Brasil e em Portugal têm abordado as emoções nas suas investigações. Em 2023, queremos dar mais um passo no desenvolvimento deste campo, em modo híbrido, a partir da Universidade de Lisboa, Portugal.